Deficiência subclínica de magnésio

O magnésio é o quarto nutriente mais abundante em nosso corpo, sendo o segundo mais abundante em nível intracelular. O corpo humano contém cerca de 25 g de magnésio. Ele é necessário para o funcionamento de mais de 300 enzimas em humanos. 90% do magnésio corporal total está nos músculos e ossos (~27% e ~63%, respectivamente), 90% do qual está ligado e 10% está livre. No plasma, 32% do magnésio está ligado à albumina, enquanto 55% está livre.

A eliminação do magnésio é controlada, principalmente, pelos rins. Altos níveis são encontrados na urina durante consumo excessivo e baixos níveis durante déficit. No entanto, apesar da conservação renal, o magnésio pode ser retirado do osso (assim como músculos e órgãos internos) para manter níveis normais de magnésio sérico quando a ingestão é baixa. Assim, um nível normal de magnésio sérico não exclui a deficiência de magnésio.

A deficiência de magnésio pode estar presente apesar dos níveis séricos normais de magnésio. O teor de magnésio do plasma é um guia não confiável para as reservas corporais: o músculo é um guia mais preciso para o conteúdo corporal desse mineral em nível intracelular. A deficiência subclínica de magnésio é significativa e uma das principais causas de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares e mortalidade precoce em todo o mundo, e deve ser considerada um problema de saúde pública.

Baseado em outros estudos clínicos, a revisão sugere que pelo menos 300 mg de magnésio devem ser suplementados para estabelecer concentrações séricas de magnésio significativamente aumentadas. Assim, a maioria das pessoas precisaria de 300 mg adicionais de magnésio por dia para reduzir seu risco de desenvolver inúmeras doenças crônicas. Portanto, embora a dose diária recomendada (RDA) de magnésio (entre 300 e 420 mg/dia para a maioria das pessoas) possa prevenir a deficiência de magnésio, é improvável que proporcione saúde e longevidade a longo prazo.

Vários fatores podem levar à hipomagnesemia e um deles é o exercício físico. Estudos demonstram que, após várias semanas de atividade física extenuante, o magnésio sérico pode aumentar sem alteração nos níveis de magnésio nos eritrócitos, apesar da redução nos níveis de magnésio nas células mononucleares. Conclui-se que a redução no teor de magnésio nas células mononucleares reflete uma redução nas reservas corporais e o início de um estado de deficiência de magnésio. Apenas 6 a 12 semanas de atividade física extenuante podem levar à deficiência de magnésio. As concentrações séricas e urinárias de magnésio diminuem durante a corrida de endurance, consistente com a possibilidade de deficiência de magnésio. Isso pode estar relacionado ao aumento da demanda no músculo esquelético durante o exercício.

Sugere-se níveis plasmáticos normais de magnésio entre 0.75–0.95 mmol/L (1,82 mg/dL – 2,31 mg/dL), sendo sugestivo de deficiência valores plasmáticos abaixo de 0.82 mmol/L (2,00 mg/dL) com uma excreção urinária de 24h de magnésio entre 40 e 80mg.

Vários fatores dietéticos podem afetar o status de magnésio como: refinamento e processamento dos alimentos, maior consumo de alimentos ricos em fósforo, ingestão muito alta de cálcio, intoxicação por alumínio, dietas muito pobres em proteína, ingestão exagerada de álcool, refrigerantes e café e uso crônicos de alguns medicamentos como os diuréticos.

Observar sempre a relação cálcio-magnésio da dieta, que deve estar ao redor de 2:1 e a relação fósforo-magnésio que deve ser de 1,2:1.

A deficiência de magnésio é extremamente difícil de diagnosticar, pois os sintomas geralmente são inespecíficos, existindo vários fatores contribuintes e não havendo uma maneira simples e fácil de diagnosticar.

O padrão “ouro” e o método mais confiável para diagnosticar a deficiência de magnésio é o Teste de carga intravenosa de magnésio de Thoren, que consiste em fornecer ~360–480mg de magnésio por via intravenosa por 1 hora e se <70% da carga de magnésio estiver na urina em 16 horas, isso é altamente sugestivo de deficiência de magnésio. No entanto, o teste de retenção assume que a função renal esteja normal para cargas intravenosas de magnésio e a função gastrointestinal e renal normal para testes de carga oral. Outro método confiável para o diagnóstico da deficiência de magnésio é avaliar o conteúdo de magnésio em células mononucleares e o conteúdo de magnésio muscular (por meio de biópsia muscular).

Sugere-se que quando a suplementação de magnésio é iniciada, a dose mínima a ser aplicada é de 600 mg de magnésio por dia. A terapia deve prosseguir por mais de um mês e, em seguida, continuar com uma dose que mantenha o valor sérico não inferior a 0,9mmol/L (2,2 mg/dL) de magnésio. Os autores dos estudos observaram que o uso de um ponto de corte de 0,75mmol/L (1,8 mg/dL) para deficiência de magnésio é falha em 50% das pessoas com verdadeira deficiência de magnésio.

Fonte: DiNicolantonio JJ, O’Keefe JH, Wilson W. Subclinical magnesium deficiency: a principal driver of cardiovascular disease and a public health crisis. Open Heart 2018; 5: e000668.

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