Sabe-se que o carboidrato é substrato energético mais importante para melhorar a performance dos atletas e neste estudo, objetivou-se realizar um compilado de perspectivas contemporâneas sobre o assunto, levando em consideração a periodização individual do consumo de carboidrato (CHO) no dia do atleta de acordo com a demanda energética e meta nos treinos e competições para melhores resultados.
A demanda de CHO na dieta do atleta de endurance é alta e a oferta suficientes desse nutriente possibilita o aumento do desempenho físico, enquanto baixas quantidades resulta no inverso, reduzindo a duração e intensidade do treino devido o desenvolvimento de uma fadiga precoce. Além disso, observa-se que essa reduzida quantidade em atletas possui relação com o desenvolvimento da Deficiência Energética no Esporte (REDs), o qual gera prejuízos à performance, como o impacto negativo sobre os marcadores plasmáticos.
Sendo assim, sabe-se que o consumo de CHO pré-treino deve ser de 1 a 4 g CHO/Kg de peso. Além do mais, a realização da estratégia de supercompensação de CHO juntamente com o treino adequado deve ser de 10 a 12 g CHO/Kg massa livre de gordura de 1,5 a 2 dias antes das competições, aumentando o glicogênio muscular, o qual, após exaustão, possui menor redução de sua concentração muscular comparado a indivíduos não treinados. Ainda, o glicogênio localizado nas fibras musculares do tipo I estão relacionadas aos exercícios prolongados. Enquanto, durante o exercício resistido o glicogênio nas fibras do tipo II é quebrado em maior quantidade, sendo necessário preencher os estoques de CHO nesta circunstância. Pensando em performance, o exercício físico realizado em jejum não é recomendado, pois é necessário começar o exercício com os estoques de glicogênio no fígado em quantidades normais. Logo, recomenda-se a ingestão visando a combinação de glicose e frutose para melhor efeito.
Durante os exercícios físicos a quantidade de CHO é determinada de acordo com a duração do treino, sendo capaz de garantir a normoglicemia e ser utilizado como substrato energético em substituição ao consumo de glicogênio endógeno, mantendo-o e retardando a fadiga. Neste sentido, a estratégia do bochecho de CHO é uma das maneiras de melhorar o desempenho através da ativação de regiões do cérebro e consequente estimulação do sistema nervoso. Logo, recomenda-se, a partir de 2,5h de exercício, o consumo de 60-90g CHO/h, sendo a melhor opção a combinação de glicose e frutose na proporção de 2 para 1, respectivamente, para melhor absorção e menor desconforto gastrointestinal. A partir disso, o conceito ‘train the gut’ _tem sido utilizado pelos profissionais de nutrição como estratégia de treinar o atleta para melhorar a tolerância intestinal e consequentemente, ser capaz de absorver maiores quantidades de CHO durante os treinos e competições, melhorando ainda mais o desempenho físico.
Após o treino, com o objetivo de recuperar o glicogênio muscular e do fígado, recomenda-se a ingestão de 1 a 1,2 g CHO/Kg de peso por hora nas primeiras 4 horas após o exercício, sendo proveniente de fontes alimentares de médio a alto índice glicêmico, levando em consideração a combinação de glicose e frutose. Após este período, o consumo de CHO deve ser realizado durante as refeições seguintes para manter a reposição dos estoques de glicogênio no organismo.
Por fim, sabe-se que a correta administração de CHO deve ser realizada de forma individualizada, visando e considerando atingir o objetivo dos atletas e o tipo e duração de exercício físico. Desta forma, também deve-se atentar ao ambiente da prática do treino e competição, pois o ambiente pode gerar situações de estresse como diante da hipóxia e altas temperaturas, os quais são capazes de reduzir o consumo exógeno de CHO e aumentar a glicogenólise, levando à rápida depleção dos estoques de glicogênio e consequentemente, à rápida fadiga muscular, impedindo o bom desenvolvimento e duração do exercício físico pelo atleta.
Fonte: Podlogar T, Wallis GA. New Horizons in Carbohydrate Research and Application for Endurance Athletes. Sports Med. 2022 Dec;52(Suppl 1):5-23.