Nutrição para treino de força em Mulheres

As necessidades nutricionais são reguladas pelo metabolismo energético, o qual é responsável pela mobilização, utilização e armazenamento do substrato em repouso e durante o exercício. Dessa maneira, a nutrição é capaz de impactar o nível de adaptação do organismo aos treinos, sendo o consumo de alimentos e a utilização de estratégias nutricionais adequadas potencializadores da melhora muscular e da força para o exercício.

 

Em ambos os sexos, o treino de força é responsável por aumentar a força, saúde cardiovascular, massa óssea e massa magra do organismo, melhorando a composição corporal e contribuindo para a sensação de bem-estar. Além disso, apresenta diversos benefícios especialmente à saúde da mulher, sendo sua prática aprovada pelo “American College of Sports Medicine” e capaz de promover a melhora no desempenho durante a prática de outros exercícios.

 

Ainda, as alterações na força e tamanhos dos músculos após sua prática são similares nos homens e nas mulheres devido ao estímulo proveniente do exercício ser o mesmo, porém o aumento relativo à força após o início do treino observa-se maior nas mulheres, por causa de seu menor nível basal de força exigido. Ainda, o principal medo das mulheres em desenvolver músculos muito volumosos através dos treinos de força não deve ser um impedimento à prática deste tipo de exercício por não ser um fato fisiologicamente possível.

 

Quando comparado aos homens, as mulheres apresentam maiores estoques intramusculares de triglicerídeos, sendo estes utilizados como substrato energético em maior proporção durante os treinos devido aos hormônios esteroides específicos do organismo e maior composição muscular de fibras do tipo I, além de utilizarem menos glicogênio muscular durante o exercício resistido. Nesse sentido, um estudo observou que em exercícios de extensão de joelhos há perdas significativas de glicogênio das fibras musculares do tipo I e II em homens treinados e destreinados, enquanto este fato não pôde ser comprovado em mulheres. Entretanto, sabe-se que a redução desse glicogênio que ocorre nas mulheres consiste na menor atividade da enzima glicolítica e da supressão dos níveis de estradiol.                  

 

Sendo assim, em resposta aos treinos resistidos, as mulheres utilizam menos de sua energia total e menor consumo de oxigênio pós-exercício, podendo ser devido ao nível de treino, tamanho corporal e diferenças hormonais, além de apresentar uma redução significativa nas taxas de trocas gasosas através da respiração, aumentando a oxidação de lipídios durante a recuperação e permitindo com que o carboidrato exógeno seja armazenado.         

 

Além disso, sabe-se que para a obtenção de massa magra é necessário um balanço nitrogenado positivo, juntamente com um balanço energético adequado, visando evitar o catabolismo proteico e consequente comprometimento da hipertrofia muscular e objetivando obter um aporte nutricional que sustente as atividades, promovam o crescimento dos músculos, que desenvolva uma boa composição corporal e mantenha a saúde. Entretanto, estudos observam frequentemente um balanço energético negativo em mulheres devido preocupações com a imagem corporal e influências sociais em relação à porcentagem de gordura corporal, o qual resulta em fadiga, irritação e piora na performance atlética. Ainda, quando associado a alterações na tireoide, as atletas podem apresentar diminuição na habilidade de performar repetidas sessões de treinos.

 

Dessa maneira, sabendo que o exercício resistido pode aumentar significativamente a utilização energética no período de 24h, esta deve ser compensada pelo aumento no consumo calórico desenvolvendo um balanço energético positivo, sendo este realizado durante e depois do exercício, pois são momentos em que há maior atividade dos músculos esqueléticos para a absorção de glicose e amino ácidos.

 

Assim sendo, dietas ricas em carboidrato são recomendadas para os atletas, incluindo as mulheres, devido papel na manutenção dos níveis adequados de glicogênio para a prática do exercício. Todavia, este nutriente deve ser ofertado em menores quantidades às mulheres, juntamente com um maior consumo de proteína de alta digestibilidade, sendo este realizado antes e depois do exercício e entre as refeições. Já uma dieta com fontes saudáveis de lipídios é benéfica à performance feminina nos treinos devido sua utilização como substrato energético, melhorando também a saúde óssea e reduzindo o risco de supressão das concentrações dos hormônios sexuais. Além do mais, elas são capazes de responder favoravelmente aos efeitos da suplementação de creatina durante o treino resistido.

 

Portanto, as diferenças no metabolismo energético relacionado ao exercício em ambos os sexos podem justificar as recomendações nutricionais específicas realizadas ao público feminino de atletas, como o consumo de carboidrato, proteína e lipídio, os quais devem garantir um balanço energético positivo para otimizar as adaptações aos treinos e melhorar a saúde geral das atletas.

 

Fonte: VOLEK, J. S.; FORSYTHE, C. E.; KRAEMER, W. J. Nutritional aspects of women strength athletes. British Journal of Sports Medicine, v. 40, n. 9, p. 742-748, 2006.

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