Nós mulheres, temos de 70% a 80% menos creatina estocada em comparação aos homens. Como resultado das várias alterações hormonais que ocorrem em nossa vida reprodutiva, a síntese endógena, o transporte de creatina e a cinética da creatina quinase, a biodisponibilidade da creatina é alterada ao longo da vida, destacando as potenciais implicações positivas da suplementação dietética de creatina para mulheres. Os efeitos ergogênicos da suplementação de creatina no esporte, inclusive para nós mulheres durante nossa fase reprodutiva, já estão bem documentados (sugiro, inclusive, que você ouça meu podcast – nutrição narrada – sobre esse assunto).
Atualmente, sugere-se que a alta demanda energética durante a gestação está relacionada a uma redução nas reservas de creatina, que tem sido associada a baixo peso ao nascer e a parto prematuro. Porém, mais estudos ainda são necessários para estabelecer a dose de suplementação para gestantes.
A diminuição do estrogênio na menopausa é o principal fator que contribui para a perda de massa muscular, massa óssea e redução da força relacionada à idade. A suplementação de creatina durante a menopausa tem demonstrado capacidade de contrabalançar os efeitos da queda hormonal na perda de massa e força muscular, reduzindo a inflamação, o estresse oxidativo e os marcadores séricos de reabsorção óssea, além de resultar em um aumento da atividade das células osteoblásticas (ou seja, formação óssea). Assim, a suplementação para mulheres na menopausa parece ser uma estratégia terapêutica muito interessante para essas mulheres. Porém, parece que os efeitos são significativamente melhores quando a suplementação é combinada com o treino resistido.
Uma dose de ataque tradicional (0,3 g/dia durante 5–7 dias) ou uma dose diária de rotina (5g/dia durante 4 semanas) pode ser eficaz para mulheres. Para saturação cerebral, doses mais altas (15–20 g/dia por 3–7 dias, seguidas de 5–10 g/dia) de creatina são necessárias. Dados futuros avaliando efeitos mais específicos da creatina ao longo do ciclo menstrual ajudarão a entender mais claramente os diversos benefícios em diferentes fases do ciclo menstrual e o potencial de uso ao longo da vida de nós, mulheres.
Fonte: Smith-Ryan,A.E;Cabre, H.E; Eckerson, J.M; Candow, D.G. Creatine Supplementation in Women’s Health: A Lifespan Perspective. Nutrients 2021, 13, 877.