Hormônios sempre são pauta de muita discussão no âmbito esportivo. Muito se valoriza e se especula sobre a utilização do hormônio exógeno, mas pouco se fala dos efeitos do exercício na resposta de adaptação hormonal no músculo esquelético.
No que diz respeito à saúde da mulher, é incontestável que o estrogênio endógeno tem efeitos que vão além da função reprodutiva, já que, em níveis fisiológicos, é esse hormônio que nos protege das doenças metabólicas, que têm efeito na nossa libido e garante nossa performance cognitiva.
Sugere-se também que os estrogênios e os progestágenos protegem a capacidade regenerativa do músculo esquelético pela conservação do pool de células-satélites, que atuam na reparação muscular. Além disso, contribuem para a retenção da massa muscular por meio da manutenção da síntese proteica muscular, regulada em grande parte pela progesterona. O estradiol, por sua vez, desempenha um papel maior na contratilidade muscular e na produção de força e, potencialmente, na ativação de células satélites.
Os efeitos dos esteróides podem se tornar mais importantes após a menopausa, que é uma consideração terapêutica importante devido à perda muscular acelerar significativamente após a menopausa.
É importante ressaltar que o músculo esquelético também produz estrogênio (em parte como resposta ao exercício) e que as concentrações intramusculares de esteróides sexuais podem estar mais fortemente associadas a tamanho e força muscular do que a concentrações séricas. Isso mesmo, quanto mais músculo, maior a produção de estrógeno intramuscular. A falta de correlação entre o soro e a fração intramuscular sugere que as concentrações séricas de hormônios não devem ser consideradas como um parâmetro para concentrações intramusculares, e que pesquisas futuras devem, portanto, considerar ambas as frações independentemente.
Como forma de prevenir os sintomas associados à queda do estrogênio ovariano na menopausa, os esteróides no músculo feminino fornecem uma área promissora de pesquisa e podem permitir a identificação de potenciais alvos terapêuticos para combater a atrofia muscular relacionada à menopausa. Assim, sugere-se que quando chegamos à menopausa com uma boa massa muscular, também chegamos com maior síntese de estrogênio intramuscular, que nos protegerá dos efeitos da queda hormonal ovariana. No entanto, os resultados mistos na literatura destacam a necessidade de intervenções hormonais estritamente controladas para compreender melhor o seu papel na regulação da massa e função do músculo esquelético feminino ao longo da vida.
Fonte: European Journal of Sport Science, https://doi:10.1080/17461391.2021.1921854