O exercício frequentemente altera os processos do metabolismo oxidativo em atletas, incluindo a maior produção de radicais livres (que varia de acordo com a intensidade e duração do exercício), que podem prejudicar o desempenho do exercício. Vários estudos têm investigado de forma consistente as possíveis estratégias para melhorar as adaptações metabólicas ao estresse oxidativo induzido pelo exercício.
Vários suplementos, como a vitamina C, a vitamina E e o ácido lipóico, podem reduzir o estresse oxidativo induzido pelo exercício, melhorando a recuperação e reduzindo a fadiga muscular. Porém, esses nutrientes não fornecem substrato para o aumento da síntese de glutationa hepática, que é um potente antioxidante endógeno dependente de 3 aminoácidos: cisteína, glutamina e glicina. Assim, o NAC vem se tornando muito popular entre atletas e esportistas por ser a forma biodisponível de ofertar o aminoácido limitante – a cisteína – para a síntese de glutationa.
Os estudos atuais, realizados em diferentes populações e protocolos de exercício, especulam que a suplementação de NAC pode fornecer várias vantagens para manter a mito-hormese, aumentando a defesa antioxidante endógena, suprimindo a produção de pró-oxidantes e regulando positivamente as adaptações citoprotetoras. Além disso, o NAC pode manter a sarco-hormese por meio da regulação positiva das adaptações citoprotetoras, orquestrando a regulação mediada por microRNAs específicos do músculo, regulando a captação e sensibilidade à insulina e reduzindo a fadiga e a dor muscular.
Levando em consideração todas as suplementações antioxidantes, o NAC pode ser a estratégia mais eficaz e segura para promover tanto a mito-hormese como a sarco-hormese em atletas expostos ao estresse oxidativo induzido por exercício. No entanto, deve-se considerar que a suplementação de NAC, durante os períodos de treinamento intenso ou de forma crônica, pode ser um fator de inibição das adaptações metabólicas geradas pelo exercício. Portanto, as estratégias de suplementação de NAC devem ser planejadas para não impedir as adaptações metabólicas dependentes do treinamento.
Embora a dose de NAC recomendada para atletas varie de 1,2 a 5 g por dia, não há consenso sobre a dose ideal. Mais estudos devem ser realizados para determinar a dose apropriada de NAC a ser administrada com base na intensidade do exercício, na população suplementada (homens e mulheres, indivíduos treinados e não treinados) e na modalidade esportiva.
Além disso, a determinação da dose exógena ideal para qualquer suplementação antioxidante é bastante complexa, uma vez que a quantidade de radicais livres ideal para promover a adaptação citoprotetora ao exercício não pode ser totalmente definida. Assim, considerando o paradoxo antioxidante e suas consequências negativas, o excesso de suplementos antioxidantes pode resultar em alterações prejudiciais no desempenho esportivo e nos processos de adaptação metabólica.
Além disso, a taxa de resposta à suplementação de NAC também depende da biodisponibilidade individual de NAC, da concentração prévia de tiol e do sistema de defesa antioxidante presente no corpo. Mais pesquisas são necessárias para obter mais informações sobre a relação dose-resposta do NAC no status antioxidante do corpo na população atlética, levando em consideração a disponibilidade atual de tiol e antioxidante do corpo, que são dependentes da dieta.
É importante salientar que o conteúdo antioxidante da dieta atual deve ser examinado antes de qualquer estratégia de suplementação ser planejada, e os suplementos antioxidantes devem ser personalizados de acordo com as necessidades e situações individuais.
Embora os suplementos de NAC tenham aumentado gradualmente na última década e tenham o potencial de melhorar o status redox, seu uso é limitado na prática. Visto que é vital manter o equilíbrio hormonal contra o exercício para garantir a sobrevivência das mitocôndrias e dos miócitos, a suplementação de NAC pode parecer um agente promissor para essa regulação. No entanto, os efeitos potenciais da suplementação de NAC nas vias de sinalização citoprotetoras e genes ainda não estão claros e merecem uma investigação mais aprofundada
Fonte: Antioxidants, 10: 153, 2021.
